sábado, 6 de abril de 2013

Braquetes autoligáveis

 
 
 




Pomada para crescer cabelo, chá para perder gordura e braquetes autoligantes: o
quê eles têm em comum? Muita gente acredita no que o vendedor promete, apesar
das evidências científicas não conseguirem provar sua eficácia.
Será que estamos nos deixando levar mais pelo apelo comercial do que pela prova
científica?
Em primeiro lugar, quero deixar claro que não tenho nada contra o uso de
braquetes autoligantes, apenas me causa perplexidade que profissionais com curso
superior queiram discutir com base em propaganda enganosa, já que todos os
testes clínicos que compararam a eficiência destas peças com braquetes
convencionais mostraram que o tempo de tratamento, facilidade nas consultas,
limpeza dos braquetes e resultados no movimento dentário são absolutamente
iguais.
Posso até prever que, quando os braquetes autoligáveis atingirem o mesmo preço
dos convencionais, eu possa usá-los para atender o capricho de algum paciente
que, por ser leigo, tenha "ouvido falar" do tal braquete que faz o tratamento
"ser reduzido pela metade".
Quem está implantando esta idéia na cabeça destes pacientes? Infelizmente, os
próprios ortodontistas. Em 2008 , no Congresso Brasileiro de Ortodontia eu fui o
único conferencista a desmentir ao alegados "milagres" dos autoligantes
mostrando que não havia nenhum teste clínico que os provasse.
Depois disto, vários outros trabalhos foram, um a um, mostrando cada vez mais o
meu ponto de vista. O ápice da minha satisfação ocorreu em Maio deste ano, no
Congresso da Associação Americana de Ortodontia em Chicago, na conferência mais
importante.
Enquanto no recinto de exposições os fabricantes em seus stands colossais
tentavam propagandear seus braquetes miraculosos, o Dr. Willian Proffitt falava
para três mil pessoas no auditório central como convidado especial por sua
vivência de quarenta anos em pesquisa e clínica ortodôntica. Seu tema era sobre
os recentes avanços na especialidade.
Para cada tema ele explorava a literatura científica e sua experiência, numa
magistral conferência em que cada conclusão não podia ser minimamente
contestada. Centenas de "professores autoligantes", brasileiros e estrangeiros
estavam na platéia.
Para meu deleite, 80% dos artigos usados foram os mesmos de minha conferência de
2008. Ele também mostrou como as fábricas de material "falsificam" provas para
colocar em seus belíssimos catálogos para falar da eficiência destes braquetes e
concluiu dizendo:
"Não existe material milagroso. Braquetes são "burros", arcos são "meio burros",
seja o único inteligente no processo do tratamento.

Além de mostrar a falácia da superioridade de braquetes autoligantes sobre os
convencionais, também mostrou a pouca eficiência dos alinhadores invisíveis, tão
em moda entre os ortodontistas. Numa suprema demonstração de seriedade, acusou
nominalmente duas Companhias de fazer propaganda direta para os pacientes para
que eles forcem seus Dentistas a usar braquetes autoligantes e alinhadores
invisíveis, numa manobra comercial espúria que tira do profissional a
prerrogativa de usar a técnica que julgue melhor.
Esta conferência renovou minha esperança, tão abalada por ver minha querida
especialidade na mão de fabricantes e professores patrocinados por eles em
praticamente todos os cursos de ortodontia, como se o rabo mandasse no cachorro.
Este não é o lugar para colocar as referências de artigos científicos nas na
página www. sboom.com.br os colegas podem baixar uma apostila feita em 2008
(como realizar um tratamento...) com parte destas referências.



Fonte:http://br.groups.yahoo.com/group/cursossboom/message/2

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