Pomada para crescer cabelo, chá para perder gordura e braquetes autoligantes:
o
quê eles têm em comum? Muita gente acredita no que o vendedor promete,
apesar
das evidências científicas não conseguirem provar sua
eficácia.
Será que estamos nos deixando levar mais pelo apelo comercial do
que pela prova
científica?
Em primeiro lugar, quero deixar claro que não
tenho nada contra o uso de
braquetes autoligantes, apenas me causa
perplexidade que profissionais com curso
superior queiram discutir com base
em propaganda enganosa, já que todos os
testes clínicos que compararam a
eficiência destas peças com braquetes
convencionais mostraram que o tempo de
tratamento, facilidade nas consultas,
limpeza dos braquetes e resultados no
movimento dentário são absolutamente
iguais.
Posso até prever que, quando
os braquetes autoligáveis atingirem o mesmo preço
dos convencionais, eu possa
usá-los para atender o capricho de algum paciente
que, por ser leigo, tenha
"ouvido falar" do tal braquete que faz o tratamento
"ser reduzido pela
metade".
Quem está implantando esta idéia na cabeça destes pacientes?
Infelizmente, os
próprios ortodontistas. Em 2008 , no Congresso Brasileiro de
Ortodontia eu fui o
único conferencista a desmentir ao alegados "milagres"
dos autoligantes
mostrando que não havia nenhum teste clínico que os
provasse.
Depois disto, vários outros trabalhos foram, um a um, mostrando
cada vez mais o
meu ponto de vista. O ápice da minha satisfação ocorreu em
Maio deste ano, no
Congresso da Associação Americana de Ortodontia em
Chicago, na conferência mais
importante.
Enquanto no recinto de exposições
os fabricantes em seus stands colossais
tentavam propagandear seus braquetes
miraculosos, o Dr. Willian Proffitt falava
para três mil pessoas no auditório
central como convidado especial por sua
vivência de quarenta anos em pesquisa
e clínica ortodôntica. Seu tema era sobre
os recentes avanços na
especialidade.
Para cada tema ele explorava a literatura científica e sua
experiência, numa
magistral conferência em que cada conclusão não podia ser
minimamente
contestada. Centenas de "professores autoligantes", brasileiros e
estrangeiros
estavam na platéia.
Para meu deleite, 80% dos artigos usados
foram os mesmos de minha conferência de
2008. Ele também mostrou como as
fábricas de material "falsificam" provas para
colocar em seus belíssimos
catálogos para falar da eficiência destes braquetes e
concluiu
dizendo:
"Não existe material milagroso. Braquetes são "burros", arcos são
"meio burros",
seja o único inteligente no processo do tratamento.
Além de
mostrar a falácia da superioridade de braquetes autoligantes sobre
os
convencionais, também mostrou a pouca eficiência dos alinhadores
invisíveis, tão
em moda entre os ortodontistas. Numa suprema demonstração de
seriedade, acusou
nominalmente duas Companhias de fazer propaganda direta
para os pacientes para
que eles forcem seus Dentistas a usar braquetes
autoligantes e alinhadores
invisíveis, numa manobra comercial espúria que
tira do profissional a
prerrogativa de usar a técnica que julgue
melhor.
Esta conferência renovou minha esperança, tão abalada por ver minha
querida
especialidade na mão de fabricantes e professores patrocinados por
eles em
praticamente todos os cursos de ortodontia, como se o rabo mandasse
no cachorro.
Este não é o lugar para colocar as referências de artigos
científicos nas na
página www. sboom.com.br os colegas podem baixar uma
apostila feita em 2008
(como realizar um tratamento...) com parte destas
referências.
Fonte:http://br.groups.yahoo.com/group/cursossboom/message/2